Em mais alguns dias o patch 6.2 chegará estreando um novo tier de raid e algumas mudanças de classes. É um bom momento para fazermos uma pequena retrospectiva dos sacerdotes nesta expansão até agora e ver o que o novo patch traz de novo para esta classe.

Experiência pessoal

Bom, primeiramente falarei sobre minha própria experiência jogando como sacerdote. Quando esta expansão começou, eu tinha o firme propósito de jogar com todas as 3 “specs” igualmente, alternando de vez em quando. Mas a vida real não me deixou tempo suficiente para isso; uma boa parte do meu tempo de jogo ficou dedicado à raid, que eu gosto muito, e nisso virei healer dedicado do core, como disciplina. Em umas poucas lutas joguei de sombra (basicamente quando precisamos “pugar” mais pessoas, e entraram mais healers no grupo). Em algumas tentativas no Ko’ragh joguei de sagrado (mais por causa do cooldown de heal), e só.

No PvP não foi muito diferente. Fiz PvP bem casualmente, entre algumas arenas x2, x3 e até x5, e RBG só de low rating. Na maioria das vezes fui de disciplina, em algumas arenas arrisquei ir de sagrado (que achei viável, inclusive) e muito, muito poucas vezes como sombra.

Ou seja, resumindo: joguei 95% do tempo de disciplina, uns 3% de sagrado, e 2% de sombra. Até tentei conversar com meu core para ir de sagrado de vez em quando, só pra variar, mas meu desempenho de disc era melhor, e eles me pediram para continuar com disc. (não estou implicando que sagrado seja pior que disc, pode muito bem ser minha falta de prática o problema!)

Mas às vezes acho que a Blizzard não sabe bem o que fazer com a spec disciplina; ela sempre ou está um pouco overpowered (no começo do MoP era MUITO OP), ou está abaixo da média. E nesta expansão, como a spec foi retrabalhada para ser realmente focada em absorções, e absorções têm sempre a vantagem de evitar que o dano aconteça ao invés de curá-lo depois, ela continua com essa “fama” de ser OP. Na verdade eu acho que disciplina é um ótimo complemento para as outras specs que conseguem dar uma cura em área mais forte, incluindo sacerdotes sagrados. Mas como no contador (recount, skada) os números de disc tendem a sair maiores (por causa da absorção), quem se importa apenas em ver números passa a achar que é o “melhor” healer de raid. E isso eu acho um erro, mesmo sendo um jogador de disciplina. Mas em alguns momentos eu preferiria jogar de sagrado, pois nesta expansão achei essa spec mais divertida, porque passar a metade do tempo lançando Clareza de Vontade nos tanks e a outra metade distribuindo Palavra de Poder: Escudo chega a encher o saco, às vezes. Mas enfim.

Estado atual das specs

Vejamos primeiro a dobradinha disc/holy. Observando logs no www.warcraftlogs.com, vejo que disciplina em geral deu mais desempenho que sagrado. Isso pode também ser efeito da fama – a maioria das pessoas vê disciplina “curando mais” e vai de disciplina sem experimentar sagrado, e quando tenta mudar de spec, usa uma gear mal “itemizada” para sagrado, gerando logs com pouco desempenho para a spec sagrado, aumentando a fama e gerando um círculo vicioso.

No fim das contas achei ambas as specs viáveis como healers de raid. A spec sagrado nas mãos de um bom jogador pode gerar resultados bons também. Mas em termos gerais observei mais pessoas pedindo que os sacerdotes fossem de disciplina no lugar de sagrado. Então, infelizmente tivemos mais um tier onde disciplina “eclipsou” sagrado, como foi durante Mists of Pandaria (se bem que no MoP disciplina estava descaradamente overpowered, pelo menos durante metade da expansão).

Quanto a sombra, no começo do tier (Malho Imponente) ele estava com um dano razoável, estando na média dos outros DPS ou um pouco mais acima. Com o lançamento de Fundição, com itens melhores e itens de set de tier, o desempenho melhorou ainda mais, estando em algumas lutas como os DPS mais fortes. Pode não ser a situação ideal para os shadow priests, mas ainda é uma situação boa.

Quanto ao PvP, disciplina e sombra reinaram nas escolhas de specs. Sombra em particular parece ter tido um bom desempenho no PvP (considerando as comps melhores para essa spec). Disciplina ficou um pouco para trás, no sentido de que muitas comps deram preferências para outros healers, como druidas por exemplo. E finalmente, não vi muitas pessoas jogando como sagrado em PvP, mas tive notícia de alguns bem poucos que conseguiram ratings altas, provando que uma spec pouco considerada pode brilhar nas mãos de um jogador bom.

Futuro das specs

O patch 6.2 traz bem poucas mudanças para sacerdotes, que vão causar muito pouco impacto no estado atual. Então a maior mudança será os novos itens do tier 18, e os berloques específicos de classe.

Disciplina

Os bônus de 2 peças e de 4 peças para disciplina são interessantes, mas pelos comentários parece que alguns jogadores vão ficar com o bônus de 2 peças apenas e usar peças fora do tier para o resto. Interessante que isso mantêm uma tendência – no tier atual alguns disc priests também fizeram isso, e me lembro de um tier de Pandaria (acho que foi Trono do Trovão) onde apenas o bônus de 2 peças para disciplina era considerado bom.

Pelo menos esses bônus aumentam a cura de disciplina ao invés de aumentar as absorções, o que torna o gameplay da spec um pouco menos repetitivo. Já o berloque dá justamente mais absorção…

O chato é perder o bônus de 2 peças do tier 17 (atual), porque com ele você nunca precisa “desperdiçar” um Penitência como ataque ou usar Punição só pra não perder os stacks de Evangelismo. Sem esse bônus vamos voltar ao estilo de jogo de ter que vigiar o Evangelismo com mais cuidado e talvez usar Punição de vez em quando.

Sagrado

O bônus de 2 peças é excelente para sagrado, tem sinergia com o Prece da Recomposição (que parece ser o grande foco desta expansão para esta spec) e ainda dá mais Aceleração. A sinergia desse bônus com os talentos Palavras de Recomposição e Intuição Divina é evidente. O bônus de 4 peças complementa mais ainda.

Já o berloque… acho que eu não fui o único que ficou se perguntando o que a Blizzard tinha em mente quando criou esse efeito do berloque, podiam ter colocado alguma coisa mais útil. É provável que muitos sacerdotes sagrados optem por utilizar outros berloques ao invés desse.

Sombra

Ambos os bônus de 2 peças e 4 peças focam no uso do Demônio das Sombras (ou Dobramentes). Essa é uma escolha no mínimo curiosa – pena que o petzinho não dá dano em área (“cleave“), então esses bônus apenas dão um aumento de dano de alvo único (single target).

No entanto, como indica um comentário nesta thread: como todos os atributos menos Maestria contribuem para aumentar o dano do Demônio/Dobramentes, a tendência é que a prioridade de Maestria caia, depois que o sacerdote conseguir os itens de set.

Note ainda que o bônus de 4 peças aumenta Golpes Múltiplos. Por que esse atributo e não outro? Porque os outros atributos secundários são favoráveis a talentos nível 100 diferentes. Se fosse Maestria, Clareza do Poder se tornaria o talento mais vantajoso; se fosse Crítico, o talento seria Espíritos Auspiciosos; e se fosse Aceleração, seria o talento Entropia do Caos (se é que alguém usaria esse talento mesmo com isso). Mas colocando Golpes Múltiplos como o bônus, nenhum talento 100 fica mais vantajoso que o outro, e portanto há um equilíbrio.

O berloque aumenta o dano de feitiços “mentais” depois de usar Açoite Mental (ou Insanidade). Isso significa um aumento no dano de Aguilhão Mental, Impacto Mental, e o próprio Açoite Mental/Insanidade. Com o efeito desse berloque é provável que o estilo de jogo chamado “DoT-weaving” desapareça, pois será mais interessante usar Aguilhão Mental como “filler” ao invés de “perder tempo” aplicando PS:D e TV no alvo durante o período de Insanidade.

Conclusão

A classe sacerdote foi uma das que teve menos mudanças durante o PTR do 6.2, talvez a que menos teve. Isso indica que ou a Blizzard pensa que a classe está balanceada e precisa de poucas mudanças, ou que as mudanças necessárias para a classe seriam muito grandes e portanto não seriam aplicadas bem no meio de uma expansão. Qualquer que seja o motivo, o 6.2 é promissor para sacerdotes.