Diário de um noob: e foi assim que virei healer

Nem todo mundo decide ser um healer ao começar a jogar WoW; do mesmo jeito que ninguém começa a jogar WoW já “sabendo tudo” sobre o jogo. Sente-se bem na sua cadeira e ouça a minha história… De como um noob acabou virando healer.

Direto do túnel do tempo.

O pior boss: os bugs do servidor privado

Minha primeira experiência com WoW foi em 2009; dois colegas de trabalho tinham começado a jogar num servidor privado, e me convenceram a jogar com eles. Isso foi bem no meio da expansão WotLK. Mudamos de servidor duas vezes em um mês (o primeiro era um servidor europeu, o segundo fechou pouco tempo depois que entramos), e nesse meio tempo mais dois colegas de trabalho se juntaram a nós. Já éramos então um grupo de cinco amigos jogando num servidor privado brasileiro, onde ficamos juntos por uns seis meses.

tauren warrior

Eu tentei várias classes até achar uma que gostasse. Se me lembro bem elas foram nessa ordem: hunter, rogue, warrior. Quando finalmente mudamos para o servidor onde jogamos por meses, meu personagem era um anão guerreiro. Foi o primeiro que “upei” até o nível máximo (80 na época). Eu era um noob total; não sabia nem o que era rotação, por exemplo. Em servidor privado muita coisa costuma não funcionar direito; masmorras, chefes de raid… Alguns são bem bugados. Mas a gente foi se divertindo com o que tinha pra fazer no servidor, mesmo sem saber jogar direito.

Troglo 37 dwarf warrior

Nessa época eu achava que jogar como healer era chato; tipo, todo mundo ia se divertir, batendo nos dragões, e o healer era o cara que ficava atrás do grupo, apertando um botão pra repor o HP das pessoas. Meu alto nível de noobice não ajudava a ver que tinha mais coisa naquele jogo além disso.

Mas enfim, de vez em quando eu criava um alt de alguma classe, só pra ir experimentando e conhecendo. E tinha uma guilda nesse servidor privado que organizava umas raids de vez em quando (metade dos chefes de raid não existia, e a outra metade não funcionava direito). E nunca tinha healers suficientes; parecia que a maioria das pessoas de lá compartilhava do meu ponto de vista tacanho. Até que uma hora resolvi tentar upar um healer, e não lembro por qual motivo, escolhi um sacerdote. Fui até o nível 35 se me lembro bem; só fiz uma masmorra uma única vez, com os amigos, e o resto foi só fazendo missões, mas deu pra pegar gosto pela classe. Pouco tempo depois disso a maioria dos meus amigos parou de jogar, e então eu parei também.

Mais tarde, num realm na Blizzard…

E uns dois meses depois disso, um dos meus amigos voltou a jogar – mas ao invés de procurar outro servidor privado, ele resolveu gastar dinheiro e ir jogar direito, na Blizzard mesmo. E me convenceu a ir junto. Então, em fevereiro de 2010, já na segunda metade do WotLK, eu (re)comecei minha jornada. Nessa época ainda não haviam servidores oficiais para brasileiros, embora a maioria se reunisse no Warsong. Mesmo havendo muitos jogadores brasileiros, era constante ter que jogar e conversar com gringos para formar grupos, fazer raids, etc.

Enfim, quando fui jogar na Blizzard, as duas classes de que gostava eram guerreiro e sacerdote. Como já tinha tido um “gostinho” de jogar como healer, eu resolvi arriscar e entrar de cabeça nessa carreira, pra ver se tinha graça mesmo. Então, criei meu primeiro personagem “oficial” – uma anã sacerdotisa com cara de velha (longa história). Ah, e um alt anão guerreiro. Mas meu foco foi jogar mais como sacerdote.

velhota benediction
Sim, eu joguei com esse char. Sim, é sério. Como eu tive coragem? For the lulz, é claro.

Viva o Dungeon Finder

Então upei minha sacerdotisa fazendo missões até o nível 15, quando o Dungeon Finder passa a ficar disponível. Então entrei na fila do DF como healer… E finalmente fiz minha primeira masmorra nos servidores oficiais, curando. Depois disso entrei na fila de novo como healer… E de novo, e de novo… E tomei gosto de jogar como healer! Fui até o nível 80 desse jeito, no DF o tempo todo, e fazendo missões enquanto esperava; um BG de vez em quando também. Depois de chegar ao nível 80, vieram as masmorras heróicas, e depois procurar grupos para fazer raids – naquela época só fazia pugs. Minha primeira raid foi Trial of the Crusader. Depois embarquei em ICC. E, embora de vez em quando jogasse como sombra, pra variar um pouco, na maioria das vezes ia como healer, papel que passei a preferir e gostar.

Fazendo Mana-Tombs como healer. Note que nessa época eu usava o Healbot como addon de heal.
Fazendo Mana-Tombs como healer. Note que nessa época eu usava o Healbot como addon de heal.

Errando e aprendendo

Claro que nessa jornada nem tudo foram flores. Errei diversas vezes, deixei o grupo da masmorra morrer, fui xingado, e até kickado. Mas fui aprendendo ao longo do caminho.

Logo que eu comecei curando masmorras nível 15 a 20, basicamente só tinha umas duas ou três magias de cura, e pouca coisa pra curar. De vez em quando uma cura no tank, mais de vez em quando ainda uma cura num DPS, no resto do tempo até ajudei a atacar.

Entre os níveis 20 a 30 a vida do healer começa a tomar forma, e você precisa prestar mais atenção. Ficar atento aos momentos em que o tank puxar (aggrar) muitos inimigos de uma vez, e nos DPS, se começarem a tomar dano em área (ou roubar aggro do tank).
Perto do nível 40 é que a coisa vai ficando mais interessante. Por exemplo, eu me lembro de fazer Maraudon por volta desse nível, e tinha alguns inimigos que davam stun (atordoamento) em área. E eu cometia dois erros nessa época. Um: eu ficava muito perto do tank, portanto vulnerável aos ataques em área que deveriam afetar apenas o tank e os melees (DPS corpo a corpo). Dois: eu prestava mais atenção aos frames – os retângulos que mostram a saúde dos jogadores – do que ao que estava acontecendo ao meu redor. Resultado: em Maraudon, fui stunado várias vezes, deixando o tank morrer sem cura. O tank perguntou qual o problema; eu expliquei (em inglês, o grupo era só de gringos), o tank entendeu e foi até paciente. Mas teve um DPS que no segundo wipe já tava pedindo pra me kickarem. O tank entendeu que eu era novato e foi paciente (era um paladino, se me lembro direito), mas o outro cara ficou enchendo o saco. Foi meio tenso. Mas aprendi a ficar mais longe do tank, principalmente em situações onde inimigos dão “CC” (atordoamento, silêncio, etc), e comecei a me treinar em dividir minha atenção entre os frames e o que estava acontecendo ao meu redor.

Do nível 50 pra frente a coisa vai ficando ainda mais interessante, pois você vai ganhando novas curas, cooldowns, que vão mudando seu ritmo de jogo. No geral sua regeneração de mana não é um problema até você chegar perto do nível máximo; aí é que você aprende mesmo a gerenciar sua mana, uma das habilidades que todo healer deve ter.

Teve ainda uma masmorra que fiz enquanto estava upando esse personagem – Botanica, masmorra nível 70 – que foi um verdadeiro desafio, e o grupo que jogou comigo eu não vou esquecer nunca: tanto o tank quanto os DPS foram extremamente pacientes uns com os outros, pois a masmorra era realmente difícil para nosso item level, mas insistimos e conseguimos. Mas essa é uma história longa e que fica pra outro artigo.

Enfim, esse foi meu primeiro personagem, o que jogo até hoje. Mudei de reino, mudei de facção e de raça, mas o personagem ainda é o mesmo. Healer continua sendo minha função preferida e que me diverte mais.

Noite de raid em Icecrown Citadel (ICC). Ah... memórias
Noite de raid em Icecrown Citadel (ICC). Ah… memórias

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